Pulp = 1. Polpa, pasta, massa sem formato. 2. Revista ou livro contendo assuntos sensacionalistas, caracteristicamente impresso em papel de 2ª classe. (American Heritage Dictionary)
Silêncio. Fundo Preto e letras brancas. Assim começa Pulp Fiction ou Tempos de Violência, com uma definição de dicionário que bem pode ter diversas interpretações. Seria uma provocação aos grandes estúdios que desconsideram as produções nas margens, de segunda linha? Uma confissão do uso sensacionalista da violência? Ou justamente uma crítica a isto, a partir da ironia? Talvez a combinação Pulp + Fiction seja uma dica para representar que as histórias, apesar de exageradas, têm sim um pezinho na realidade da expansão do crime.
Em seguida da frase, a primeira sequência mostra um casal em uma lanchonete, discutindo e dando rumo a sua carreira de assaltos. A cena do crime é interrompida pela trilha sonora marcante e apresentação dos primeiros créditos. Interessante notar que esta abertura, exceto pela temática “contravenção”, até os momentos finais parece estar simplesmente “boiando”, sem relação com as histórias principais que se entrelaçam ao longo da produção. Mera impressão...
Divagações a parte, várias sequências do filme merecem destaque.
Ainda no começo do longa, o acerto de contas realizado pelos matadores profissionais Vincent Vega (John Travolta) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson) é marcado por um texto bem trabalhado, que tem início com uma conversa com caráter cômico, passa por citações de marcas e degustação de fast food e acaba com um discurso tenso com direito até a citação bíblica (Ezequiel 25:17), que enriquece os momentos que precedem a chacina. Não se trata de um mero assassinato, rápido e objetivo. O ato é envolto em humor-negro e carregado de detalhes que valorizam principalmente a atuação de Jackson.
Mais pro meio do filme, a participação de Uma Thurman, interpretando Mia Wallace, a esposa do chefe da quadrilha, dá um toque especial ao filme. E isto não se deve apenas ao fato de ser personagem feminina em meio aos mafiosos briguentos. A idéia de mulher delicada vítima dos criminosos não tem vez nesta obra. Mia é uma viciada em cocaína que tem noção do ambiente em que está inserida.
Vincent é incumbido pelo chefe de levar Mia para sair enquanto o senhor Wallace está viajando. Desde o momento em que ele a busca em casa, percebe-se que não é um encontro convencional e que a música terá papel fundamental nesta sequência. Na lanchonete que ela escolheu, ocorre um diálogo muito interessante (incluindo a passagem destacada na postagem interior). Para variar, fast food também aparece em cena. Eles participam do concurso de twist que acontece no estabelecimento, dando vida a uma impagável cena de dança (que faz lembrar Travolta e Os Embalos de Sábado a Noite). Chegam em casa com o troféu, continuam bebendo, fumando... e no caso dela, se drogando mais... Enquanto ele trava um monólogo em frente ao espelho, ensaiando para ir embora e querendo evitar encrenca, ela encontra, no bolso do casaco dele, cocaína que não imaginava tão forte. Resultado? Uma cena de overdose que entrou para a história do cinema. Mas a mocinha, ainda que “transviada”, não poderia morrer. Vincent sai desabalado de carro e a leva até o fornecedor da droga para injetar adrenalina (coisa que, curiosamente, seu amigo nunca tinha feito). O fim deste trecho da história só poderia ser piada... sem graça, contada por Mia.
Por outro lado, a trajetória do boxeador decadente interpretado por Bruce Willis (Butch Coolidge) está mais próxima dos socos, pontapés, sangue e perseguição. Mas esta, por hora, não será tão detalhada. Que tal assistir ao filme? Seja pela primeira vez ou novamente...
Prefiro não falar sobre o final. Melhor apreciar os últimos diálogos e os shows de interpretação. Simplesmente genial.
Thaís
vega - acho q foi digitação...
ResponderExcluirboa escolha das sequencias. imagino q seja isso, ainda q a forma do texto não deixe isso bem claro.
ex - " Mais pro meio do filme, a participação de Uma Thurman, interpretando Mia Wallace, a esposa do chefe da quadrilha, dá um toque especial ao filme" - quer dizer dentro de uma sequencia principal ou só está falando da uma?
Na verdade quis dizer as duas coisas! A interpretação dela como um todo dá um toque especial ao filme, assim como o trecho citado, mais especificamente, enriquece a narrativa. A sequência da overdose é uma das mais lembradas por quem viu o filme.
ResponderExcluirThaís