Num primeiro momento, chegou a se acreditar que se tratava de um movimento de televisão. Mas, no final da década de 50 e ao longo dos anos 60, o movimento francês rompeu com o chamado cinema de estúdio e configurou-se como momento de redefinição de padrões e maneiras de filmar. Misturando conteúdo de patrimônio europeu (tendo Paris como principal referência) com a cultura de massa hollywoodiana, a “nova onda” era explorar as possibilidades do cinema dito moderno.
Pensar em novidade, neste caso, não significa ignorar o velho. A vanguarda teve como marca o interesse pela memória do cinema. Até então, este era pensado apenas em estúdios e com base em uma linguagem que não se preocupava com tradição. Já para a Nouvelle Vague, o museu e a cinemateca eram lugares privilegiados para o processo criativo.
“Incorporando estilos e posturas da pop art ao teatro épico, da colagem ao ensaio, dos quadrinhos a Balzac, Marx e Manet, a Nouvelle Vague acabou por sintetizar uma original incorporação crítica da cultura material e imaterial ao redor, da cultura atual e dos museus” (Alfredo Manevy).
Havia uma visível admiração pelo neo-realismo italiano, em especial por Roberto Rossellini. Os primeiros filmes da Nouvelle Vague são marcados pelos métodos deste diretor: filmes rápidos, improvisados com base em anotações ou leituras científicas e, em alguns casos, até em preto-e-branco.
A maioria dos estudiosos do assunto descreve Nouvelle Vague como um movimento de juventude. Os principais expoentes escreviam e faziam filmes ainda adolescentes, com uma boa dose de irresponsabilidade política dos “vinte e poucos anos”, porém, com uma bagagem cultural surpreendente.
“O movimento cinematográfico levou às telas expectativas e frustrações de uma geração de jovens amadurecidos na Guerra Fria, numa Europa pós-guerra sem inocência, massificada e hiperpovoada de imagens do cinema, da publicidade e da recém-consolidada televisão” (Alfredo Manevy).
Há uma gama de características, entre elas: complexa relação entre tradição e ruptura; estética do fragmento (descontinuidade); incorporação do acaso; uso de formas atribuídas ao documentário; influências da pop art ao teatro épico; erotismo pungente; romantismo tragicômico; mise-en-scène (expressão que sintetiza a encenação dos atores e sua relação com a câmera, dentro de um filme) de grande expressão; valorização da montagem, e utilização da dificuldade de produção como trunfo para a invenção narrativa.
“Laboratório por excelência de uma estética do fragmento da incorporação do acaso na filmagem, da polifonia narrativa e de uso de formas até então atribuídas ao documentário, às artes visuais, ao ensaio e à literatura, a Nouvelle Vague fez chegar ao cinema a sua juventude tardiamente, com um pé na maturidade, compondo uma observação autocrítica dos imaginários urbanos, antropologia radical oposta à vocação de "vulgaridade e comércio" do cinema e das mitologias da sociedade de consumo” (Alfredo Manevy).
REFERÊNCIA:
História do Cinema Mundial – Fernando Mascarello (org.)
Capítulo 9 – Nouvelle Vague – Alfredo Manevy
Capítulo 9 – Nouvelle Vague – Alfredo Manevy
Thaís Mocelin
boa pesquisa.
ResponderExcluircomo já tinha observado por escrito e pessoalmente hehe - é uma boa fonte, sim.
ResponderExcluirnão por isso, mas ele atualmente é um dos nomes fortes do governo lula para o audiovisual.
vejam lá
ResponderExcluiruma bela recriação:
http://www.youtube.com/watch?v=no9AD520flg